segunda-feira, 26 de março de 2012

Registros de Mar Negro


Oi gente!

Segunda-feira no blog acompanhada de Vocês! O melhor jeito de iniciar a semana de trabalho com aquele gostinho de começar pela sobremesa.

E hoje o cardápio é especial: Mar Negro! Já faz um tempinho que não conversamos sobre a produção do nosso terceiro longa metragem, que, sorrateiramente tomou gosto pela tal ‘liberdade artística’ e se transformou no Terrível Monstro Que Extrapolou O Orçamento. Eis que, rapidamente a mão que segura a caneta (no caso, Rodrigo) fez o trabalho sofrido: diminuiu a escala e convenceu o filme voltar para dentro do bolso, Baixo Orçamento, com a seguinte promessa: um dia meu filho...

Concept do talentoso Eduardo Cardenas
 Enquanto isso, a máquina está em pleno vapor. Fechamos o primeiro trimestre de 2012 abraçados com o espírito empreendedor. Ajustando alguns detalhes de temperatura, a estufa cresceu em capacidade e qualidade. Trabalhamos com o melhor que o mercado oferece − espuma de látex; temos um diferencial, a insanidade do Monstrólogo (ameaçamos com morte cruel quem ousar roubá-lo de nós) e o carinho do público é a combinação mágica da Maquiagem de Efeitos Especiais – Fábulas Negras.

Tudo bem, sabemos que o terror não se sustenta apenas de imaginação e sangue (gosma, vísceras e afins), ao menos quando abordamos o gênero no maquinismo do cinema. Daí vamos comprar novos aparelhos de fotografia e som para melhorar o filme tecnicamente. Além de conquistarmos autonomia de equipamento, alcançamos um nível técnico mais profissional que facilitará o percurso de exibição e comercialização que ainda não conseguimos com Mangue Negro e A Noite do Chupacabras.

Rodrigo Aragão e Ulisses Debian analisando o rendimento da estufa
Ao considerarmos o contexto e processo de realização, discussões do Cinema de Bordas, imprimimos outros valores à produção de baixo orçamento. Hoje Mar Negro tem o custo de duzentos mil reais, para os padrões de Perocão é bastante dinheiro (apenas um milhão a menos daquilo que a Ancine chama de “baixo orçamento”) Toxo! Dá pra fazer uma poça de sangue tão grande, que dependendo do ângulo, poderíamos convencer qualquer gringo que é o mar de uma fantástica aldeia de pescadores.

Porém, o Mar em questão é Negro. Igual mancha de petróleo que há anos assistimos contaminar e alterar a vida marinha, e por conseqüência, as comunidades que sobrevivem da pesca − mote do filme. A ideia de ambientar o terceiro longa no mar é antiga, mas o tema (vazamento de petróleo) é assustadoramente atual, e pior, cada vez mais recorrente, em proporções que faz a gente sentir medo, não da fantasia e sim da realidade, do nosso futuro pessimista. 

E para abordar assunto de interesse universal, escolhemos um método nada ortodoxo (do ponto de vista comercial) ao compartilhar alguns preciosos segredos de produção. Vamos mostrar as etapas de criação desde o desenho até o monstro finalizado. No álbum, “Pré-Produção”, temos os maravilhosos concepts do Eduardo Cardenas (ele já foi apresentado aqui no blog, ver postagens anteriores) em “Efeitos Especiais”, compreendemos como as criaturas deixam o papel e ganham o plano físico na oficina.   

Rodrigo Aragão preparando o rosto do Baiacu-Sereia para tirar molde, primeiro a parte de trás, depois a frente  
Tudo isso porque somos fãs de terror e gostamos de saber todos os detalhes do inicio ao fim de cada sessão, logo, dividimos o passo a passo com Vocês! Mesmo que seja de forma contraria ao pensamento corrente. Não se preocupem, ser diferente é uma qualidade! Semana que vem falaremos sobre roteiro e alguns personagens. Então, vamos participar juntos dessa nova aventura?!    

Muito obrigada pelo carinho de todos!

   


                 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Afinidade cultural



Oi gente!

Nossa semana começou muito inspiradora e deliciosamente alto astral! Ontem participamos do encontro cosplay Kawaii, em Vitória e voltamos pra Perocão com caraminholas na cabeça... Zombieplay!

Os motivos são reais, em fevereiro A Noite do Chupacabras foi recebido com entusiasmo Festival de Cinema Fantástico no Japão; não é por coincidência que nossos monstros usam roupas de borracha e sim inspiração no clássico cinema japonês; e a influência de culturas tão distintas que exerce fascínio nos dois lados do mundo, ocidente e oriente.  

E apesar de fundamento e estética diferentes, há entre o terror e o cosplay certo grau de parentesco, que os uni de forma quase umbilical ao universo da fantasia − A Mãe de todos! Deve ser justamente por isso que nunca fomos convidados para simpósios de física quântica, não rola uma química legal...

Rodrigo Aragão no cosplay kawaii conversando sobre produção de terror 


Já que precisamos trabalhar que seja divertido! A maratona durou o dia inteiro e segundo o organizador do evento, Heleno Lyra, o público foi de 1.600 pessoas mais 200 que não conseguiram entrar porque o local, Praia Tênis Clube estava lotado. Com varias atividades desenvolvidas: concurso de desenho, games, cartas, exibição de animes, performances e muito mais.

Giovanni Coio e eu ocupamos um lugar de grande responsabilidade, a mesa de jurados para o desfile cosplay. A missão era pontuar, de 5 a 10, fantasias e interpretações. Estávamos deslumbrados com o capricho dos personagens. Enquanto isso, o Monstrólogo fazia a cobertura do evento no quadro, repórter por um dia, do programa local, Em Movimento. De onde estávamos não conseguimos acompanhar a reportagem, mas dava pra ver o sorriso escancarado na cara do Rodrigo. O programa Cultura Nativa também prestigiou o encontro.

Em outro ponto a Mayra se desdobrava, ora observando a distância nossas crianças brincando, CarolinyAragão (Machine Girl), Ianara Alarcón (Chii) e Roney Aragão (apoio da produção) − desde cedo catequizamos a próxima geração, ora, atendendo aos pedidos dos clientes no estande Fábulas Negras: DVD Mangue Negro, camisas, canecas, fotos, máscaras, autógrafos, cartazes e agendava a Maquiagem de Efeito Especial.

As meninas Fábulas Negras (Ianara de preto e Carol de óculos) tietando no cosplay  


Assim que o Monstrólogo largou o microfone, logo empunhou pincel e a paleta de tinta. Para deleite de todos que encontravam uma ou outra criatura ensangüentada na multidão colorida. O dia foi muito feliz! Cheio de crianças, adolescentes, jovens, adultos, pais e avós que se permitem brincar. Tudo cabe neste caldeirão! E o melhor, a galera sóbria de bebida alcoólica e bêbada de fantasia.

Ah Queridos Leitores, antes de encerrar gostaria de lembrá-los que o estoque da Loja Virtual diminui sensivelmente depois de ontem, inclusive, acabaram algumas estampas em baby look. Então sejam rápidos, http://fabulasnegras.loja2.com.br/

Na próxima segunda-feira retomaremos o diário de bordo de Mar Negro, nosso terceiro longa metragem. Faz algumas semanas que não conversamos sobre ele, mas guardamos tudo com cuidado e discutiremos o assunto aos poucos. As novidades passam pelo roteiro, produção, locações enfim a estrutura geral do filme. Fiquem tranquilos porque todas as mudanças são apenas com a intenção de melhorar o rendimento da produção.       

Muito obrigada a todos pelo carinho e apoio e, por favor, continuem escrevendo pra nós, seja aqui no blog ou lá no e-mail, aragaofx@gmail.com porque é sempre uma grande alegria receber sugestões e estar em contato com vocês.

Nós também!


segunda-feira, 12 de março de 2012

Noitadas Com Chupacabras


Oi gente!

A segunda-feira ficou mais divertida por causa de um ingrediente especial: nosso encontro no blog está cada dia melhor!

E hoje vamos conversar sobre o making of de A Noite do Chupacabras. No texto da semana passada declarei minha falta de talento e vontade em buscar a imparcialidade quando o assunto é Fábulas Negras e aviso logo que isso não mudou nadinha pessoal. Todos os dias, há mais de dez anos, mergulho de alma e bom grado na mesma fonte.  

A foto é do Giovanni Coio e a arte do Ricardo Araujo

Assim, creio que seja mais seguro escrever a respeito dos prazeres, sofrimentos e peculiaridades do ofício a fazer uma crítica do vídeo. Tem pessoas muito qualificadas pra isso, se alguém quiser dividir o espaço conosco, por favor, escrevam uma crítica de alguma das produções da Fábulas para aragaofx@gmail.com que publicaremos o melhor texto aqui.

Agora, quando a questão é liberdade e espaço para dizer o que sente, sou livre e apaixonada o suficiente para vociferar o quão extraordinário foi A Noite do Chupacabras. Além da coragem para assumir de vez os riscos de uma profissão com altas barreiras de entrada, temos o privilégio de contribuir, junto com outros realizadores, para melhorar o quadro do filme de gênero brasileiro. Que honra!
Walderrama dos Santos, às vezes, Chupacabras e Kika Oliveira

Durante o processo encontramos novos amigos, assistimos o dia amanhecer em lugares incríveis e usufruímos da singular capacidade que tem o nosso Monstrólogo em extrapolar a realidade de vidas, outrora impressas no comum, e hoje transformadas de maneira definitiva. Daí nossa dificuldade em desassociar trabalho de fantasia, parece-nos que um está contido no outro. Simples assim...

E foi nesse clima que conheci Joel Caetano, sócio fundador da Recurso Zero Produções, onde tive o prazer de contracenar com Mariana Zani, Musa do Cinema de Bordas, no curta metragem Estranha (2011). Agradeço o olhar generoso do Caetano porque sob suas lentes conheci um pouco mais de mim e confesso: uau!

Joel Caetano se divertindo na pele de Douglas Silva 


Então Queridos Leitores tenho motivos nobres para sempre enaltecer A Noite do Chupacabras! Em parte transmito no texto; assistimos no filme e making of, vemos nas fotos de still; acompanhamos nos depoimentos e entrevistas, mas ainda assim, faltam palavras e transborda emoção para agradecer o carinho e respeito do público e o quanto isso faz diferença no resultado final do nosso trabalho.


Muito obrigada a todos!
Kika

segunda-feira, 5 de março de 2012

Outro ponto de vista

Oi gente!

Hoje é O Dia! Estou muito emocionada com o espaço que nosso encontro semanal vem ocupando na minha vida particular e profissional. É um privilégio experimentar o blog junto com vocês!

Confesso que o tema contribuiu especialmente para minha alegria: o Monstrólogo postou o making off de Mangue Negro. É confortável a liberdade de poder vestir, cerimoniosamente, minha indumentária de passional para então escrever sobre Ele, Mangue Negro, Aquele Que Todos Nós Cultuamos. Minha formação acadêmica é em comunicação e nunca sofri com a escolha visceral pelo cinema e não pela utópica imparcialidade do jornalismo. Por isso Queridos Leitores desde já me declaro, “culpada”. Tudo que eu disser é prova sincera de meu amor absoluto por Mangue Negro. Por favor, sejam complacentes...
Rodrigo Aragão e Kika Oliveira finalizando os detalhes do ataque dos zumbis
Assisti ao vídeo quatro anos depois é como ler uma lápide − aqui jaz a inocência de Fábulas Negras. Dói um pouco olhar para trás e enxergar o quanto éramos puros, “ingênuos”, narrou o diretor estreante. Sem grandes responsabilidades, engajados apenas com os pequenos conflitos do dia-a-dia, nos agarrávamos à cega intuição de que alguma coisa especial estava por vir. Só tínhamos isso durante os três anos de produção do longa. Foi suficiente. Uma idéia, um bando de loucos para executar e o Louco Mor, Hermann Pidner, que pagou a conta de mais ou menos setenta mil reais.

E abuso da confiança que tenho em Vocês para assumir que na época não entendia muito bem o que estava acontecendo, eu acreditava mais no Rodrigo que no resultado final. Assisti ao filme pela primeira vez no dia da estréia, em 2008, na IV edição do Fantaspoa e não consegui emitir palavras diante da platéia, apenas sons ininteligíveis. Hoje eu entendi que o filme é maior que todos nós, Ele (Mangue Negro), transcendeu nossas angustias e plantou a esperança de que o terror brasileiro ainda vai ocupar o lugar que merece na cadeia cinematográfica.
Rodrigo Aragão dirigindo cena final de Mangue Negro
Ratificamos nosso compromisso com a causa e seguimos em frente. No caminho perdemos nossa inocência, é verdade sim... Porém, sentimos que o ponto de convergência gradativamente nos empurra (com a delicadeza que somente os nativos de Perocão conhecem), para o braço forte, seguro e honrado do terror tupiniquim. Para tanto confiamos no apoio e presença de nosso público que se deleitou conosco neste simbólico making off. “Vocês” fazem parte de “nós” e estaremos sempre juntos aqui no blog ou lá no filme. Muito obrigada a todos pelo carinho e especialmente pelo amor que há em mim e que eu reconheço em cada um de vocês por Mangue Negro.
Rodrigo Aragão e Kika Oliveira ensaiando o diálogo entre Raquel e Luiz 



Kika