quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mangue Negro no Site Boca do Inferno - Texto de Felipe Guerra

Sem delongas e sem muita enrolação, MANGUE NEGRO, filme de zumbis orgulhosamente 100% nacional, é o novo clássico dos clássicos do cinema independente brasileiro. Em outras palavras, é o filme que todo cineasta independente quer fazer quando crescer, e lançou um novo patamar de qualidade para o horror nacional moderno.
Escrito e dirigido pelo gente-fina Rodrigo Aragão, que também é técnico em efeitos especiais e assina as bizarras criatura e mutilações do filme, MANGUE NEGRO recria alguns dos melhores momentos de filmes como "Fome Animal", "Evil Dead" e as produções de mortos-vivos de George A. Romero, porém agora num cenário tipicamente brasileiro - um mangue no interior do Espírito Santo -, e com personagens tipicamente brasileiros nos papéis principais e secundários.
Esta, acredito, é a grande qualidade e principal virtude do filme do Aragão: seus personagens são gente comum como uma velha benzedeira e um catador de caranguejos, personagens que não vemos nos filmes de terror "normais" e nem nas imitações destes que alguns cineasta tupiniquis, independentes ou não, costumam lançar volta-e-meia.
Como todo bom filme de mortos-vivos que se preze, MANGUE NEGRO mostra uma contaminação zumbi que se espalha pelo mangue, transformando pescadores de uma comunidade pobre em monstros devoradores de carne humana. Parece simples, mas a história se desenvolve através de várias linhas narrativas, acompanhando paralelamente as situações envolvendo diferentes personagens, como se o espectador estivesse testemunhando episódios dentro de uma trama maior. Finalmente, estes personagens e episódios se cruzam, e todos passam a lutar juntos pela sobrevivência - uma possibilidade cada vez mais distante.
O fio condutor da narrativa é o amor platônico entre Luís (Walderrama dos Santos, impagável no papel de herói pateta, uma versão brazuca do Ash da trilogia "Evil Dead") e a lavadeira Raquel (vivida pela bonita Kika de Oliveira). Luís é apaixonado pela moça, mas, tímido, não tem coragem de se declarar; para piorar, sempre que tenta fazê-lo, algo de terrível acontece e impede o rapaz de expressar seu amor.
Felizmente, os zumbis do mangue e a contaminação que se espalha dão uma mãozinha ao nosso herói, já que ele e Raquel acabam muito próximos quando Luís começa a dizimar os zumbis com sua machadinha para proteger a amada.
Repleto de gosma e com banhos de sangue (literalmente) no protagonista, novamente no melhor estilo dos já citados "Evil Dead" e "Fome Animal", MANGUE NEGRO conta ainda com maquiagens e efeitos especiais de primeira linha (surpreendentes, considerando que não há nenhum grande estúdio por trás bancando a produção). E são estes efeitos muito bem realizados que colocam o filme um passo acima de muita coisa "profissional" feita no país: é coisa fina mesmo, digna dos melhores momentos do gênero, com cenas de carnificina brilhantemente sublinhadas pela belíssima trilha sonora original da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo.
Se MANGUE NEGRO tem um defeito, este é uma quebra no ritmo no ato final, quando uma cena na casa de Dona Benedita (a tal benzedeira, que ironicamente é interpretada por um homem, André Lobo) se arrasta muito mais do que deveria, retardando os ataques de zumbis. Mas é um problema que se esquece facilmente quando o sangue volta a jorrar.
E, para fechar com chave de ouro, o filme termina de forma fantástica, na hora certa, comprovando que Aragão, além de mestre dos efeitos especiais, também sabe direitinho como contar uma história!
Em uma única palavra: IMPERDÍVEL. O filme já havia sido exibido no Fantaspoa de 2008, dentro da programação daquele ano, inclusive com a presença do diretor Aragão, mas volta ao festival depois de passar, muito elogiado, em outros eventos do Brasil (mais recentemente no SP Terror, em São Paulo) e no exterior. Uma trajetória de sucesso merecida para um ótimo trabalho de um cineasta promissor no cenário do moderno cinema fantástico brasileiro.


Voltamos de Porto Alegre, mais um ano de FantasPOA, o 2° nosso, o 5° na "vida" deste maravilhoso festival, cheio de gente legal, entre elas este cara tão "querido" que é o Felipe Guerra, fizemos zumbis, curtas e exorcismos, e nos divertimos muito...
E bem, obrigado mais uma vez ao Felipe Guerra, por estar sempre dando força pra gente e, lógico, por esse texto tão legal que publicou no site Boca do Inferno.

3 comentários:

  1. Já havia lido a resenha... fico muito feliz por este filme estar bombando, vi de perto a choupana começar a ser erguida e um singelo peixe a ser confeccionado.

    Parabéns a todos os colaboradores

    ResponderExcluir
  2. Quero ver esse filme, sabem me dizer qual a previsão de conseguir isso aqui em Mato Grosso do Sul? Obrigada e o blog é muito bom!!!!!

    ResponderExcluir
  3. eae galera, Bl!!
    po curti muito o filme, sou fã do genero, fico feliz de ter um longa nacional assim!! eu sou ilustrador e produzo historias em quadrinhos, deem uma olhada no meu blog é o----------------
    nanquinbeat.blogspot.com

    abraços e parabens!

    ResponderExcluir